Aprender é um comportamento
Um sistema educacional se torna crítico e libertador se suas raízes estiverem imersas em um estudo claro e sistemático da realidade do ato de aprender e de ensinar.
O não-comportamento não existe! O comportamento do aluno que recusa a aprender ou que não consegue aprender é uma mensagem. Acreditamos que o professor tem a capacidade para captá-la e decodificá-la. Ele o fará se tiver sido informado, se tiver recebido e estruturado as informações atualmente disponíveis para compreender os mecanismos de base do funcionamento cerebral, envolvidos na situação de aprendizagem.
Assim como é impossível não comunicar, também é impossível não aprender porque é impossível deixar de SER.
Um aluno que não consegue ter êxito, aprendeu a não aprender, ou seja, aprendeu a não mudar. O paradoxo é que isso mostra que ele aprendeu. Aprendeu uma coisa muito difícil: resistir à capacidade (inata) para se adaptar.
Nós, como seres humanos, temos a capacidade de ir além (transcender) daquilo que somos para nos tornar Outro.
Nós participamos também, querendo ou não, das estruturas e da continuidade do mundo em que vivemos. Se nós nos recusarmos a crescer e a nos construir, nós nos privamos de SER.
A não-aprendizagem como a não-mudança concerne todos nós: aprendentes, professores, pais, responsáveis institucionais, políticos... A língua inglesa criou a palavra "teacher" (professor) do gótico "taiku" que significa "sinal".
O professor é um intérprete dos sinais. Sua missão é observar o que não foi percebido e revelar o que ele descobriu!
A ciência diz que somos responsáveis pelo nosso equilíbrio. Para nos proteger, organizamos e delimitamos nosso meio interno, para o qual nós mesmos asseguramos a constância. É a esse preço que ganhamos nossa autonomia.
No que se refere a aprendizagem ocorre o mesmo, se o saber não estiver em constante continuidade ou seja, em constante manutenção com o meio ambiente, ele se perde. Mas, um aspecto da conscientização deve ser esclarecido. Ao contrário do que se acredita de modo geral, a consciência não pode agir em primeiro lugar. Ela só pode vir depois de uma mudança de comportamento. Edward Hall explica-o claramente: “Quando o comportamento muda, a percepção muda, e quando a percepção muda, então, há conscientização”!
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